Refluxo pode virar câncer? O que você precisa saber sobre essa relação e como prevenir

Você sofre de azia e refluxo com frequência e já se perguntou se isso pode virar algo mais grave? O refluxo gastroesofágico crônico pode, em alguns casos, levar ao Esôfago de Barrett, uma condição que pode aumentar o risco de câncer. Mas calma! Nem todo mundo com refluxo desenvolverá complicações graves. Neste artigo, explicamos de forma clara e acessível como o refluxo pode afetar sua saúde, quais são os sinais de alerta e como prevenir problemas no futuro. Entenda os riscos e descubra como proteger seu esôfago!

Prevenção Dr Eduardo Bonin

Sentir aquela queimação no peito depois de comer algo mais pesado já virou rotina para você? Se você sofre de azia e refluxo com frequência, pode ter se perguntado: será que isso pode virar algo mais grave? A resposta é que, em alguns casos, o refluxo gastroesofágico crônico pode levar a alterações no esôfago, como o Esôfago de Barrett, que por sua vez pode aumentar o risco de câncer.

Mas calma! Nem todo mundo que tem refluxo desenvolve complicações graves, e mesmo quando o Esôfago de Barrett se desenvolve, a maioria das pessoas nunca chega a ter câncer. O segredo está em conhecer os sinais de alerta e buscar um diagnóstico precoce. Neste artigo, vamos explicar de forma clara e acessível tudo o que você precisa saber para proteger sua saúde.

O que é refluxo gastroesofágico e por que ele acontece?
O refluxo gastroesofágico ocorre quando o ácido do estômago retorna para o esôfago, causando aquela sensação incômoda de queimação (azia). Isso acontece porque o esfíncter esofágico inferior – uma espécie de "válvula" que separa o esôfago do estômago – não está funcionando corretamente, permitindo que o ácido suba.

Principais causas do refluxo:
✔ Má alimentação (frituras, café, refrigerantes, bebidas alcoólicas)
✔ Sobrepeso e obesidade (o excesso de peso pressiona o estômago, facilitando o refluxo)
✔ Tabagismo (o cigarro enfraquece o esfíncter esofágico)
✔ Deitar-se logo após comer
✔ Hérnia de hiato (uma condição anatômica que facilita o refluxo)

O problema é que, quando esse refluxo acontece com frequência ao longo dos anos, pode gerar inflamação crônica no esôfago. E é aí que começam os riscos.

Refluxo pode virar câncer? A relação com o Esôfago de Barrett
O refluxo em si não causa câncer, mas pode levar a alterações no revestimento interno do esôfago. Uma dessas alterações é o Esôfago de Barrett, uma condição na qual as células normais do esôfago são substituídas por células do tipo intestinal – uma tentativa do corpo de se defender da exposição constante ao ácido.

A grande questão é que o Esôfago de Barrett pode, em alguns casos, evoluir para câncer de esôfago. Estudos mostram que a chance de uma pessoa com essa condição desenvolver um tumor maligno é de cerca de 0,5% ao ano. O risco é pequeno, mas existe, e é por isso que quem tem Esôfago de Barrett precisa de acompanhamento médico regular.

📌 Importante lembrar:

Nem todo mundo que tem refluxo desenvolve Esôfago de Barrett.
Nem todo mundo que tem Esôfago de Barrett vai desenvolver câncer.
A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para evitar complicações.

Como saber se meu refluxo pode ser perigoso?
Se você tem refluxo há muito tempo, fique atento a alguns sinais que podem indicar que o esôfago já está sofrendo alterações:

✅ Azia frequente, mesmo com medicação
✅ Dificuldade para engolir alimentos sólidos
✅ Sensação de algo preso na garganta
✅ Tosse crônica inexplicável
✅ Rouquidão persistente

Se você apresenta esses sintomas regularmente, o ideal é procurar um gastroenterologista para uma avaliação detalhada.

Como é feito o diagnóstico?
O exame mais indicado para investigar o refluxo e suas complicações é a endoscopia digestiva alta. Durante o exame, o médico pode observar sinais de inflamação no esôfago e coletar pequenas amostras (biópsia) para análise laboratorial.

Se a biópsia identificar metaplasia intestinal, o diagnóstico de Esôfago de Barrett é confirmado. Nesses casos, o paciente precisará de um acompanhamento regular para garantir que a condição não evolua para algo mais sério.

Existe tratamento?
Sim! E a boa notícia é que a maioria dos casos de refluxo e Esôfago de Barrett pode ser controlada sem grandes procedimentos. O tratamento varia de acordo com a gravidade da condição:

1. Mudança no estilo de vida
Pequenos ajustes podem reduzir drasticamente os sintomas de refluxo e evitar complicações:
✔ Evite alimentos ácidos, frituras e bebidas gaseificadas
✔ Não coma muito perto da hora de dormir
✔ Mantenha um peso saudável
✔ Eleve a cabeceira da cama para evitar que o ácido suba durante a noite

2. Medicação
O uso de inibidores de bomba de prótons (IBPs), como omeprazol ou pantoprazol, ajuda a reduzir a acidez do estômago e proteger o esôfago. O médico pode indicar o uso contínuo dependendo da necessidade de cada paciente.

3. Tratamento endoscópico
Nos casos em que há um risco maior de evolução para câncer (presença de displasia de alto grau), o médico pode recomendar tratamentos endoscópicos minimamente invasivos, como:

4. Ablação por radiofrequência: destrói as células alteradas sem necessidade de cirurgia.
Ressecção endoscópica da mucosa: remove pequenas áreas com alterações.
Esses procedimentos não são dolorosos e são realizados com sedação, permitindo que o paciente volte para casa no mesmo dia.

5. Cirurgia (em casos específicos)
Para pacientes com refluxo severo e que não respondem ao tratamento convencional, pode ser indicada uma cirurgia antirrefluxo, chamada fundoplicatura, que reforça a válvula do esôfago para impedir o retorno do ácido.

Conclusão: Como prevenir problemas futuros?
Se você tem refluxo há anos, não ignore os sintomas! O refluxo crônico pode parecer inofensivo, mas a longo prazo pode levar a complicações.

📌 O que você pode fazer hoje para se proteger?
✔ Fique atento aos sintomas persistentes
✔ Adote hábitos que reduzem o refluxo
✔ Consulte um gastroenterologista para uma avaliação
✔ Faça exames preventivos, como a endoscopia, se houver recomendação médica

Com os avanços da medicina, o controle do refluxo e do Esôfago de Barrett é altamente eficaz. O mais importante é não deixar para depois: quanto mais cedo o diagnóstico, mais fácil será o tratamento e menores as chances de complicações.

Se você se identificou com esse tema, marque uma consulta com um especialista e cuide da sua saúde digestiva! Seu corpo agradece! 🚀

Acerca do Instituto MEVY

O Instituto MEVY é uma referência em gastroenterologia, oferecendo informações confiáveis e atualizadas sobre saúde digestiva para médicos e o público em geral. Fundado e dirigido pelo Dr. Eduardo Bonin, especialista renomado na área, o instituto se dedica à educação médica e à conscientização sobre doenças gastrointestinais, sempre com uma abordagem baseada em evidências científicas e acessível para todos.

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