Projeto Biliopâncreas: biologia molecular no diagnóstico de tumores pancreáticos e biliares

Financiado pelo governo federal, o Projeto Biliopâncreas busca padronizar no Brasil o uso da técnica FISH, padrão-ouro internacional no diagnóstico de tumores do pâncreas e das vias biliares. A proposta é aumentar a precisão diagnóstica e ampliar o acesso ao tratamento oncológico. Entenda como a biologia molecular pode transformar a prática clínica e beneficiar milhares de pacientes.

Pesquisas Instituto Mevy

Diagnosticar tumores do pâncreas e das vias biliares ainda é um desafio clínico significativo. Dificuldades técnicas na obtenção de biópsias, aliadas às características anatômicas dessas neoplasias, frequentemente comprometem a acurácia dos exames. Em resposta a essa realidade, o Projeto Biliopâncreas propõe uma abordagem inovadora baseada na biologia molecular.

Uma iniciativa inovadora

O Projeto Biliopâncreas é uma pesquisa financiada pelo governo federal e executada pela Associação Amigos do HC, em parceria com o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR).

O principal objetivo do projeto é melhorar o rendimento diagnóstico de biópsias de tumores do pâncreas e das vias biliares, como o colangiocarcinoma, por meio da utilização de técnicas avançadas de biologia molecular, com destaque para a FISH (Fluorescence In Situ Hybridization).

O desafio diagnóstico

A dificuldade no diagnóstico dessas neoplasias está relacionada a diversos fatores:

  • Acesso limitado para biópsia em áreas profundas ou de difícil visualização;

  • Presença de fibrose e inflamação ao redor da lesão, formando uma espécie de “carapaça”;

  • Baixo volume de amostragem, com consequente material escasso;

  • Situações em que o diagnóstico permanece indefinido mesmo após múltiplos procedimentos.

O papel da biologia molecular

Em contextos clínicos com material escasso ou biópsias inconclusivas, a biologia molecular pode fornecer informações decisivas. Técnicas como a FISH permitem a identificação de mutações sabidamente associadas ao câncer, aumentando a sensibilidade diagnóstica mesmo em amostras reduzidas.

O que é a técnica FISH?

A FISH (hibridização in situ por fluorescência) é uma técnica citogenética que utiliza sondas marcadas com fluorocromos para detectar mutações diretamente nas células. Quando há presença de alterações genéticas específicas, as células tumorais apresentam coloração fluorescente, facilitando sua visualização e identificação ao microscópio.

Uma tecnologia padrão-ouro ainda não disponível no Brasil

Apesar de ser considerada padrão-ouro no diagnóstico de tumores das vias biliares, como o colangiocarcinoma, a técnica FISH ainda não está amplamente disponível no Brasil para uso clínico.

O Projeto Biliopâncreas tem como foco a padronização e viabilização dessa técnica no país, com o objetivo de incorporá-la à rotina dos serviços especializados em oncologia digestiva e hepatobiliar.

Impactos esperados na prática clínica

Ao melhorar o rendimento diagnóstico de biópsias pancreáticas e biliares, o projeto poderá:

  • Reduzir a taxa de exames inconclusivos;

  • Aumentar a precisão diagnóstica em tumores pancreatobiliares;

  • Agilizar o encaminhamento dos pacientes para tratamento oncológico;

  • Ampliar o uso clínico da biologia molecular em território nacional.

“Melhorando o rendimento diagnóstico dessas biópsias, muitas pessoas serão beneficiadas, pois isso permite o acesso ao tratamento oncológico.” — Equipe Projeto Biliopâncreas

Fontes e referências

  • Projeto Biliopâncreas – Associação Amigos do HC e Hospital de Clínicas da UFPR

  • Diretrizes citogenéticas aplicadas à oncologia digestiva

  • Bridge JA et al. Cytogenetic and Molecular Genetic Approaches to the Diagnosis of Pancreatobiliary Neoplasms. Arch Pathol Lab Med. 2020

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